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Como criar um bom vilão para suas aventuras - Dose de XP #23

Mesmo que existam exceções, esses três passos simples vão te ajudar a criar (ou randomizar) um grande vilão para sua próxima campanha.

Em muitas aventuras de RPG o mal se materializa em um único antagonista, a.k.a. Big Bad Evil Guy (BBEG), a.k.a. O Vilão, assim mesmo, com letra maiúscula. Evidentemente, nem toda aventura precisa dessa figura vil, mas se ela existe é importante que seja bem trabalhada, pois sua aventura só será tão boa quanto seu Vilão.


Alguns módulos de D&D fazem já no título, menção direta ao vilão - The Rise of Tiamat; Rime of the Frostmaiden; Dugeon of the Mad Mage; e Curse of Strahd. Esse último você pode conhecer de perto aos Domingos, às 19 horas, nas lives do Metajogo na Twitch.


Mas, afinal, como criar um Vilão que se dê ao respeito? Essa não é uma pergunta fácil, pois, como já destacamos no Episódio 9 de Metajogo Podcast, para cada regra há centenas de exceções na literatura, no cinema e no RPG. Ainda assim, vou correr o risco de dar uma receita de bolo que me ajudou a criar bons vilões no passado:


Passo 1 – Crie um herói


Por mais contraintuitivo que possa parecer, comece criando um herói. Comece o seu herói imaginando uma pessoa idealista, com motivações fortes e claras para perseguir algo de bom. Para citar alguns exemplos, seu herói pode estar em busca de amor, sobrevivência, do belo, liberdade, prosperidade...


Passo 2 – Quebre o seu herói


Agora que você tem um herói, chegou a hora de quebrá-lo. Acrescente a esse herói apaixonado por seu ideal uma grave falha de caráter, um medo insuperável ou uma mazela psicológica. Essa condição é o que faz do seu herói, UM VILÃO! (música dramática).


Vamos adicionar uma pitada de concretude com três exemplos:


Thanos, em Os Vingadores, é um idealista que busca o equilíbrio entre a oferta e a demanda de recursos no universo. Essa crença tem origem no colapso causado pela superpopulação em Titã, seu planeta natal. Thanos acredita fortemente que os fins justificam os meios (falha de caráter), por isso, está disposto a extinguir metade da vida no universo para chegar ao suposto equilíbrio.


Drácula, na excelente série Castlevania (Netflix), era um velho ranzinza que encontrou o amor em uma humana que compartilhava de seu gosto pelo conhecimento. Justamente quando o lado humanista de Drácula estava aflorando, sua amada foi morta pela inquisição. Irado pela perda (medo insuperável), Drácula declara guerra à humanidade.


Em Rime of the Frostmaiden (ALERTA DE SPOILERS), a vilã é Auril, a deusa do inverno. Na minha versão dessa personagem, ela tem um forte apego por tudo que é belo, e o inverno dos vales gelados é sua obra de arte. Todas as noites ela voa pelo céu noturno trazendo a aurora e apreciando a beleza da paisagem intocada, coberta de neve. No entanto, quando as colônias humanas chegam ao Vale dos Ventos Gélidos, ela sente que sua obra de arte foi profanada. Nesse mundo, Auril é uma sociopata sem qualquer empatia por seres inferiores, inclusive humanos (mazela psicológica). Por isso, a solução para esse conflito é aprisionar os cidadãos das colônias em uma noite eterna, enquanto sequestras alguns deles para adornar um jardim macabro cheio de pessoas congeladas.


Antes de seguirmos, você já deve ter percebido que a falha, o medo ou a mazela devem distorcer a bussola moral dos heróis a ponto de transformá-lo em um Vilão. Isso frequentemente está associado a um trauma.


Passo 3 – Implique seus personagens


Não basta que um Vilão seja ameaçador, ele também deve estar implicado com seus personagens. Digo implicado, no sentido de envolvido, por que ele não pode estar presente demais nem de menos. Se ele estiver presente demais, os jogadores deixarão de vê-lo como uma ameaça. Se estiver presente de menos, os jogadores irão subestimar sua importância.


Existem muitas formas de implicar seu Vilão com os jogadores. Imagine, por exemplo, que o Vilão e os jogadores têm um objetivo em comum, digamos, acabar com a fome no reino. No entanto, eles diferem quanto ao método, enquanto os jogadores querem acabar com a praga que está matando as plantações, o vilão quer conduzir os aldeões à guerra. Começa então uma luta pelas mentes da população, que vai se intensificando até que eles sejam obrigados a se enfrentar.


Outro bom exemplo é Curse of Strahd. No módulo, os jogadores precisam de Strahd, pois ele é o único que pode tirá-los da Barovia. Por outro lado, Strahd precisa dos jogadores pois eles são a única coisa capaz de afastar o tédio da imortalidade (ou de substituí-lo, a depender da sua versão deste módulo). Essa implicação é particularmente interessante pois ela cria conflito ao mesmo tempo que justifica o combate não letal, prolongando o contato com o vilão e permitindo que os jogadores conheçam melhor o antagonista.


Randomize seu Vilão


Com base nesses três passos simples, podemos construir a ferramenta dos sonhos para todo mestre preguiçoso: um gerador aleatório de vilões em três passos.


Ideal (d8)

Aquilo que move seu Vilão desde antes dele se tornar mau.


1- Amor

2- Liberdade

3- Prosperidade

4- Sobrevivência

5- Beleza/pureza

6- Paz (individual ou coletiva)

7- Fé em uma divindade

8- Cura/solução para alguma ameaça


Falha ou mazela (d10)

Aquilo que explica sua condição atual e justifica seus métodos terríveis.


1- Medo da perda/fracasso

2- Rejeição de suas ideias

3- Seus planos foram sabotados

4- Desprovido de empatia

5- Desvinculado da realidade

6- Megalomania, delírio de poder ou grandeza

7- Intolerante em relação ao diferente

8- Egoísmo ou ganância extremos

9- Desespero ou ira exagerados

10- Gosto intrínseco pela violência


Implicação (d6)

Aquilo que garante que seu vilão estará presente na vida dos jogadores.


1- Objetivo em comum

2- Profecia envolvendo ambos

3- Precisam um do outro (ou de algo que possuam)

4- Estão presos em uma mesma região

5- São próximos desde a infância

6- O vilão ameaça algo importante para os jogadores

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